Três Tristes Tigres



Género musical:
Rock Pop Cabaret Electrónica Experimental



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Editora:



Membros:
Ana Deus
Alexandre Soares
Regina Guimarães



Texto de apresentação:



Os Três Tristes Tigres são uma referência, na música portuguesa e na música em geral.
Para mim, enquanto ouvinte e no caso de alguns músicos, é um privilégio viver na mesma época que eles. E este é, sem dúvida, um caso desses.
Enquanto projecto musical, os Três Tristes Tigres têm tudo o que é necessário para serem grandes, enormes, no panorama musical. A menos valia para os ouvidos portugueses é, ironicamente, a de a maioria das canções serem cantadas em português, o que, para a maior parte dos portugueses, é factor de estranheza.
Independentemente disso, a obra está aí para ser apreciada. E nada melhor do que os discos de uma banda para falarem por si.



Biografia



Pois a 24 de Novembro de 1992, no Blitz, dizia assim:
“Ana Deus e Paula Sousa estão a trabalhar com Alexandre Soares (que irá introduzir guitarras em alguns temas) na regravação de temas originalmente concebidos pela cantora e pelo ex-teclista dos Ban, Ricardo Serrano, e na gravação de alguns originais (…)". E assim foi anunciada ao mundo a preparação do primeiro álbum dos Três Tristes Tigres.
Partes Sensíveis foi editado em 1993, pela EMI-Valentim de Carvalho.
"Tigres às vezes de circo, às vezes de jaula, às vezes de selva" foi como Ana Deus apresentou o projecto, em entrevista ao Semanário Se7e.
O single de apresentação do álbum, “o mundo a meus pés”, tornou-se um dos grandes sucessos do ano. Para além do circuito tradicional pelos programas de todos os canais de televisão da altura, desde a TVI até ao Parabéns de Herman José, onde foi apresentada uma fantástica versão do tema, "sem rede", o sucesso foi tal que a editora resolveu apostar numa segunda edição do álbum. A parte menos feliz dessa ideia foi a de a editora ter alterado a capa original, sem se preocupar minimamente com a falta de coerência exterior com o conteúdo do álbum… basicamente, uma opção falhada.



Em Dezembro do mesmo ano, foi editado um álbum composto por versões de canções de António Variações. Os Três Tristes Tigres contribuíram com uma versão para “Anjinho da Guarda”, sobre a qual, a 7 de Dezembro de 1993, o Blitz escreveu:
“(…) grande vantagem da versão dos Três Tristes Tigres, que se têm vindo a manifestar como o único projecto recente da música portuguesa a conseguir ultrapassar o rock sem complexos e a construir a música de uma geração forjada nesse género (…) Essa é a (…) razão para Anjinho da Guarda ser a melhor versão deste álbum [de versões] (…) que, sem se afastarem um milímetro da sonoridade que caracteriza o seu último álbum, são capazes de estar mais próximo da atitude libertária de Variações.”



Depois de dois anos e de dois interregnos para outras coisas, a 18 de Julho de 1995, Alexandre Soares garantia ao Blitz que o próximo trabalho dos Três Tristes Tigres seria muito diferente do primeiro: "(…) As nossas canções têm uma série de componentes distintas, desde os sons industriais à música de dança mais ambiente e umas guitarras rock muito cruas. Além disso, o grupo recorreu a uma série de “samplagens” do nosso próprio som e a algumas experiências com fita magnética. (...) Acho que os temas têm uma componente muito cinemática.”
A propósito do segundo álbum quase poder ser considerado o primeiro, Ana Deus disse ao Blitz: "É, acaba por ser. Partimos completamente do zero. Não pensávamos que estávamos a fazer um segundo disco. Estávamos à procura de um som, e íamos trabalhando juntos, e com outras pessoas. Não estávamos nada preocupados em fazer uma continuação do primeiro álbum..."
Guia Espiritual foi editado em 1996, pela EMI-Valentim de Carvalho.
Neste trabalho, algumas letras foram escritas por Ana Deus, outras em colaboração com Regina Guimarães.
Em 1996, o Guia Espiritual teve direito a consagração crítica geral, tendo-lhe sido atribuído o Prémio BLITZ 96. O single promocional escolhido foi “Zap Canal” e a banda apresentou o disco em concerto, por vários pontos do país, tendo a sua apresentação no Porto sido feita no entretanto extinto Auditório do Terço, num de vários concertos memoráveis. A banda marcou também presença no Festival de Paredes de Coura do ano seguinte. Outra grande marca dos Tigres é a exemplar entrega à música que apresentam: há a mesma dedicação à Música, quer perante uma audiência de 10, quer de 3000 pessoas. O que, na sua essência, é o que deveria ser Comum.



O álbum Comum foi considerado como "o trabalho que sucede a Guia Espiritual, o álbum mais importante da música moderna portuguesa dos anos noventa”. Apesar disso, distancia-se e aborda explorações sónicas bastante diferentes das do álbum anterior.
Em relação a essa diferença, Alexandre Soares comenta: “o Comum pode trazer alguma separação de águas porque é um bocadinho mais duro, mais cru, tem mais estrutura óssea.”
Comum foi editado em 1998, pela EMI-Valentim de Carvalho.
O álbum inclui uma faixa escondida: “Rickshaw”, que é a música de um filme homónimo, realizado por Rui Simões.
O Comum foi apresentado em concertos pelo país. Saltam à memória concertos no extinto Hard Club ou no Rivoli.
Também ficou em memória o espectáculo “Ferida Consentida”, construído a partir da obra Um Beijo Dado Mais Tarde, de Maria Gabriela Llansol.
Este espectáculo foi apresentado no CCB e no Grande Auditório do Rivoli em Maio de 1999.



Em Setembro de 2001 foi editada a compilação Visita de Estudo, que inclui temas de todos os álbuns, a versão de “Anjinho da Guarda”, de António Variações, “Coisas Azuis”, do espectáculo Ferida Consentida, a remistura de “O Mundo a Meus Pés” de João Pedro Coimbra e uma nova versão de "Subida aos Céus".
O disco foi apresentado então em vários espaços e em concertos marcantes, por exemplo, no Pavilhão Multiusos de Espinho, em 15 de Junho de 2001 e no Pequeno Auditório do Rivoli, no Porto, a 1 de Dezembro de 2001.



Em 2004, os Três Tristes Tigres fizeram a primeira parte do concerto dos míticos Television, durante a celebração do Serralves em Festa. E, entretanto, adormeceram… até 2007, em que, juntamente com os Dead Combo, voltaram a reinventar a “Olho da Rua” e a “Descapotável”, que incluíram depois no alinhamento do concerto dos Nadadores de Inverno, no evento de Serralves em Festa, em 2008.

Texto: FERNANDO NOGUEIRA

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