BERNARDO SASSETTI TRIO(pt)
JAQUES LOUSSIER TRIO(fr)
14ª EDIÇÃO MATOSINHOS EM JAZZ
DIA TRÊS
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Como solista, participou também no filme "Pax" de Eduardo Guedes e na curta-metragem "Bloodcount" de Bernard McLoughlan(fonte:ONC).
Eu arriscaria dizer que o trabalho de Sassetti é ele mesmo carregado de imagens, cores,
E não são historias fantásticas por assim dizer, são momentos banais passados numa rua, um momento que fica e que é musicado pela sua força humana ou sensorial.
Mas aqui temos um Trio, do qual fazem parte Carlos Barreto (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria), e não um trio qualquer, mas sim um dos mais estáveis do jazz nacional, já com 13/14 anos de trabalho, salvo erro meu.
Todos estes músicos têm vários projectos separados, e não me parece que seja exagero afirmar que são dos mais talentosos deste país.
Sassetti descreve a química entre eles como “uma consciência colectiva do tempo e espaço”, desenvolvida durante os anos, partindo de raiz e não sendo uma adaptação de outras experiencias.
A admiração entre os músicos é notória, a “improvisação telepática” e um talento que de tão natural nos cativa a cada nota, a cada composição, elevam as suas actuações a um nível quase palpável.
O concerto teve inicio com o fenomenal “Homecoming Queen”, original de Sparklehorse, uma banda norte-americana de rock alternativo liderada pelo falecido Mark Linkous, falecido a 6 de Março, ao qual foi dedicada.
Seguiu “Working Class Heroes” de Lennon. Delicada, ora algo arrojada, fez perfeitamente justiça ao espírito original, tendo o seu teor reivindicativo e politico mas com a classe devida.
Os temas sucediam-se e a audiência rendia-se ao charme do Trio, de forma clara e evidente.
Momentos altos foram vários. Pessoalmente favoreço o tema “O Homem Que Diz Adeus”, que visa homenagear uma “figura de rua”, que como tantas outras, nos é familiar, e aqui é da beleza desses seres que se trata.
Depois de sete anos sem gravar, o Trio tras "MOTION", uma delicia para os nossos ouvidos.
Músicos exímios, com um Sassetti não menos do que fantástico, num concerto nada menos que memorável.
Segue-se Jacques Loussier, que festeja 50 anos de uma carreira, e tal como Sassetti disse, em forma de introdução, a forma como ele trabalhou Bach em jazz dividiu opiniões desde o primeiro “Play Bach Trio” em finais dos anos 50, que vendeu milhões e os colocou na estrada durante mais de 10 anos.
O mundo de ambos os géneros musicais ainda hoje não chegou a um consenso, mas isso nada importa, muito menos para este músico já lendário por assim dizer.
Loussier pouca relevância deu durante a sua longa carreira ao que de fronteiras diz respeito. A sua paixão é pela musica, pura e simplesmente.
Trabalhou com Pink Floyd (The Wall), Elton John e Sting, o que prova isso mesmo.
No 300º aniversário do nascimento de Bach, em 1985, Loussier sentiu-se impelido a reformar o Play Bach Trio com novos membros, juntando rock e até mesmo elementos electrónicos á mistura base clássica-jazz, já por si polémica.
Continuou com manifestações da sua paixão por Bach, mas entretanto e desde os anos 90, juntou Ravel e Debussy tendo realizado registos magistrais sobre as suas composições.
Em Matosinhos apresentou-se com os músicos Bennoit Dunyer de Segonzac no contrabaixo e André Arpino na bateria.
Foi num tom “upbeat” que o concerto decorreu, com ritmo e excelência a todos os níveis, com cada composição a merecer aplausos consensuais, mais uma vez a dar provas do carinho que o publico português tem por musica de qualidade.
Não posso deixar de destacar a prestação a solo do contrabaixista, que durante largos minutos explorou o seu instrumento de forma divinal, entre escalas rebuscadas, delírios minuciosamente executados, etc, etc.
Nada mais belo do que sentir uma simbiose de tamanha pujança e delicadeza num mesmo espaço e tempo.
Jazz...
Estudo, dedicação, uma procura interior, e a partilha do resultado...
"Matosinhos em JAZZ" de parabens, por todo o trabalho desenvolvido em prol da divulgação deste género musical.
O Jazz está cada vez mais enraizado, em especial junto dos jovens, e actividades como “Jazz Vai Á Escola”, animações de rua, etc, são um bestial exemplo a seguir...
Esta atitude de levar o Jazz ás pessoas é vital para a “desmistificação” de alguns preconceitos relativos ao mesmo, que facilmente se desvanecem bastando um contacto com as suas sonoridades.
A IMAGEM DO SOM está aqui para desempenhar o seu papel...
Fotografia e texto: Ricardo Costa
AGRADECIMENTOS:
CAMARA MUNICIPAL DE MATOSINHOS
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