GS Quartet e Hermeto Pascoal com Aline Morena

Festival Jazz n’Gaia
Teatro d’Avenida, Vila Nova de Gaia
30 de Abril de 2010






1ª Parte

GS Quartet

Liderado pelo trompetista brasileiro Gileno Santana, que escolheu o nosso país para viver, o GS Quartet protagonizou a primeira parte do segundo dia do Jazz n’Gaia 2010.


Dotados de uma grande técnica e de uma norme simpatia, os músicos do GS Quartet rapidamente agarraram o público do Teatro d’Avenida, nesta noite bastante mais preenchido do que na noite anterior, tendo proporcionado um momento musical de elevada qualidade.


Gileno Santana fez-se acompanhar de Joaquim Rodrigues ao piano, José Carlos Barbosa no contra-baixo e Mário Costa na bateria.



Houve ainda lugar a um convidado: José Luís Rego, que acompanhou com o seu sax alto o GS Quartet em “Partido alto”.
O cancioneiro da música popular brasileira é onde Gileno Santana se sente em casa, e é muito profundo o sentimento que incute aos seus sopros e às suas notas. Foi muito bom ouvir o GS Quartet, por exemplo, num maravilhoso medley de “Eu sei que vou te amar” e “Você é linda”. Alguns originais da banda, como “Casa 502”, “Falso” e “Samba para Carlos Azevedo” foram igualmente interpretados, durante os quais Gileno Santana abandonava sem hesitações o palco quando era altura de deixar brilhar o trio que ficava do quarteto com o seu nome. Equidade de protagonismo é isto; belíssima postura, a deste jovem músico.


Um particular destaque para o tema “Sombra e água fresca”, introduzido por um espectacular solo de bateria de Mário Costa – alguns músicos parecem não pertencer a este mundo...


O GS Quartet tinha a responsabilidade de abrir o caminho ao duo que foi o cabeça de cartaz da noite (Hermeto Pascoal e Aline Morena), e fê-lo de forma muito sólida. Tão sólida que não foram poucos os elogios que Hermeto Pascoal (por quem Gileno Santana confessou ter uma admiração imensa, confessando-se visivelmente emocionado por ver o seu nome constar no mesmo cartaz do mesmo festival) lhe dirigiu no final. E muito merecidamente, ou não soubesse Hermeto Pascoal do que fala...








2ª Parte

Hermeto Pascoal e Aline Morena

Descrever o que se passou no Teatro d’Avenida nesta segunda parte do segundo dia do Jazz n’Gaia é tarefa inglória... Durante quase 2 horas, Hermeto Pascoal e Aline Morena protagonizaram ininterruptamente um espectáculo que foi um misto entre concerto, teatro e workshop de música.


Hermeto Pascoal é um rei e tem no palco o seu trono. Há já quase meio século que nos seduz com as suas composições, com a sua versatilidade enquanto músico e com a sua capacidade para inventar música a partir de qualquer coisa que produza som.

 Aline Morena é a rainha perfeita para este rei. Canta divinalmente e acompanha Hermeto Pascoal nas suas fantasias e devaneios musicais, fazendo música com sentido a partir de todo o instrumento musical que lhe apareça à frente... mesmo que não o haja.




Este duo brasileiro falou muito com o público e ficou-se com a sensação que muito tinham ainda para mostrar... Às vezes de forma mais ensaiada, outras vezes de forma mais improvisada, foram esbanjando talento, fazendo aquilo que fazem com tanta facilidade: boa música a partir de qualquer coisa...




Viu-se a água dentro de uma piscina a servir de batuque... Viu-se e ouviu-se Aline a saltar num estrado e a percussionar o próprio corpo, ao mesmo tempo que cantava (e que bem, que bem...)... Viu-se Hermeto a improvisar um momento de declamação sobre a lista de agradecimentos... Viu-se um Mário Dorminsky felicíssimo, em noite de aniversário, a ouvir os “Parabéns a você” como certamente nunca havia ouvido antes, e de um modo que quase certamente não mais voltará a ouvir... Ouviu-se uma base melódica constuída a partir de um “Pai nosso” muito especial... Viu-se e ouvi-se tão mais do que as palavras podem dizer...




A mensagem-chave que a IMAGEM DO SOM reteve do Mestre Hermeto Pascoal e da sua bela Aline Morena é que a música não pode ser estereotipada. Porque tudo é música, e porque a música é tudo e está em todo o lado. Como a IMAGEM DO SOM, de resto...

E se, como anteriormente se referiu, as palavras não chegam... deixemo-las por aqui.

Fiquemo-nos com as imagens.

 

















Texto: Sara Salgado
Fotos: Rui Vaz


Sem comentários:

Enviar um comentário