CRITICA ALBUM
Banda: KLEPHTÁlbum: Hipocondria
Klepht, tinham a sempre tarefa ingrata de realizar o, tantas vezes fatal, 2º álbum…
O primeiro, de titulo homónimo, com vários singles a rodar nas rádios nacionais, dos quais ficou em especial a balada “Embora Doa”, é tudo menos uma canção de amor… A ironia parece ser um dos pontos desta banda, e parecem mexer-se em areias movediças.
Este “Hipocondria” continua com o som pop/rock mas com melhorias bastante significativas a todos os níveis, a começar pelo óbvio: a produção. Ficou a cargo de Sylvia Massy, detentora de 2 Grammys, com nomes no currículo como Smashing Pumpkins, Slayer, Johnny Cash, TOOL, R.E.M., etc. A lista inclui alguns dos nomes mais sonantes de várias áreas musicais como podem ver.
Trata-se de um trabalho refinado, onde as composições se destacam pela facilidade com que fazem passar a mensagem, sem (quase) nunca se entregar ao facilitismo e ao óbvio. Uma das características de Massy é seu o respeito pela sonoridade de cada banda, e os Klepth não podiam ter sido mais agraciados nesse aspecto.
Os temas desfilam e cada um é, em si, uma confirmação: fazem singles com enorme potencial, mantendo a estrutura do álbum intocável.
O álbum arranca com a bateria a debitar um break bem rock e que convida já ali a uma audição atenta. “Calma” é sem dúvida a escolha correcta para iniciar este álbum. Aqui tudo flui com naturalidade, e tudo parece estar lá, onde nada mais faria sentido.
O 3º tema, “Explicação” é um single em potencial, como vários outros. A voz confirma-se forte, mas maleável, onde o sentimento está sempre presente, embora contido, como se de uma conversa se tratasse. E sobe ao berro audível, assim como sussurra algo que já ouvimos.
Hipocondria, que dá nome ao cd, dá-nos rock; bem construído, bem interpretado, é um tema que promete ser explosivo em palco. Aguardemos para comprovar.
Podia continuar, mas nesta altura, fica a nítida impressão que estes tipos têm algo de especial aqui. O som dos Klepht é nacional, não existem influências marcadamente identificáveis, não se hipotecaram a ninguém. Claro que a sua musica não nasceu do nada, mas a sua personalidade foi além.
Destaque para os últimos 3 temas - “Cura”, uma belíssima balada, “Algo Mais”, uma mistura de sonoridades, emoções e sensações e “Música”, que encerra o trabalho de forma segura, acima de tudo, porque ela – a música - nos faz bem…
Importa realçar, nestas canções, em particular, mas ao longo de todo o disco, a riqueza dos arranjos.
Mais uma nota positiva, desta vez para as letras, cuidadas e bem escritas; não basta garatujar e cantar em português; a escrita tem que ser coerente, interessante. Os Klepht tratam a língua com elevação, assim a respeitando, enquanto parte da canção.
O 1º single já roda nas rádios. “Tudo de novo” mostra uma formação que consegue neste álbum o que muitos tentam com mais ou menos sucesso: temas “orelhudos” e de grande qualidade musical, sem recorrerem a artifícios ou clichés. Refrescante!
[ 8/10 ] Ricardo Costa
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