Ane Brun
Casa das Artes
06 de Março, 2010
Vila Nova de Famalicão
Ane Brun, saltou para a ribalta no final do ano passado, devido ao papel principal na organização do concerto “No More Lullabies” no Dia Internacional de Acção pelo Clima (24 de Outubro), conseguindo juntar vários artistas suecos durante cerca de sete horas.
Nesta altura, com 6 álbuns na sua carreira, passou de “nova sensação” para uma artista com o seu interessante espaço próprio.
Vai acompanhar Peter Gabriel na sua “New Blood Tour”, o que já por si revela o território conquistado por esta cantautora.
Vive em Estocolmo, Suécia, onde se radicou desde 2000, sendo natural da Noruega.
Dizem que a sua voz fica algures entre uma Dolli Parton sem aquele sotaque, Bjork e Joni Mitchell. O último álbum de originais, “Changing of the Seasons”, data já de 2008 mas não perdeu o impacto inicial, reforçado ainda pelo lançamento de “Sketches”, uma versão acústica desse mesmo álbum.
Este concerto é muito peculiar, começando por ser o primeiro em território nacional, não estando prevista nova passagem, em parte devido ao compromisso acima anunciado, e depois pelo seu formato minimalista.
Concordo que Ane exagera vocalmente, ainda que pontualmente, a expressão de alguns sentimentos, mas isso acontece de raiz, ou seja, nem é intencional nem é natural, é uma ferramenta que manuseia com imensa mestria. Pode-se dizer que faz parte das suas características. Á primeira audição pode criar uma resistência, mas depois fluiu docemente como não seria de esperar.
Foi com muito desalento que encarei o facto de não termos direito a toda a riqueza instrumental que habita nos seus álbuns, esses sim, devem ser devorados sem reservas. Ouçam por exemplo “My Lover Will Go”, que na minha modesta opinião a representa na perfeição.
Foi um concerto sem surpresas, sem pontos altos, mas com imensa coerência e profissionalismo, perante uma audiência que se destacou pela ausência.
Ficou o sabor amargo de uma leve insatisfação, mas prevaleceu o prazer em assistir a algo que os verdadeiros fãs guardarão para sempre. E, no final do dia, este concerto foi para eles.
De louvar a coragem e o trabalho que a Casa das Artes tem vindo a realizar, ao apostar nesta linha de artistas. Pela agenda, é notório o grau de qualidade que mantêm. Merecem os parabéns nesta época em que os euros são escassos, e a tentação por facilitismos espreita a cada esquina.
TEXTO: RICARDO COSTA
FOTOGRAFIA : HUGO SOUSA
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