EM CONCERTO NO THEATRO CIRCO
BRAGA
15.MARÇO 2010
Este senhor é nada mais do que a parte masculina do dueto DEAD CAN DANCE (o resto da banda foi sendo formada por vários músicos que se sucediam), e durante os anos 80 e 90, foram criando uma verdadeira legião de fãs por todo o mundo, e hoje são um nome merecedor de um culto aceso.
Em 2005 reuniram-se para uma tournée como forma de agradecimento aos fãs.
Muita era a expectativa em torno destas primeiras actuações em Portugal, onde veio promover o novo álbum “Ark”, expectativa essa multiplicada pelo facto de os DEAD CAN DANCE nunca terem vindo ao nosso país.
A relação de Brendan com música começou no punk-rock, onde foi relativamente bem sucedido, tendo deixado um hino do género chamado “Mysterex”.
Este novo álbum difere muito do anterior “Eye of the Hunter”, tendo uma presença muito mais presente em termos de guitarras.
O álbum “Ark” surpreendeu pela sua coerência e mesmo uma essência reminiscente da época DEAD CAN DANCE. Tal não é para estranhar, tendo em conta que contem 2 temas originalmente escritos para fazerem parte da tournée de 2005 cima mencionada. Trata-se de um álbum completamente feito por Brendan: escreveu, tocou, produziu etc, estando isolado para esse efeito.
Ark trata de temas como a corrupção política e os conflitos armados decorrentes de religiosos e exploração neo-colonial até os dias actuais.
Falando do concerto concretamente, a sala estava bastante preenchida, a mostrar o que se esperava… o culto por esta personagem é bem real.
Tocou temas do “Eye of the Hunter”, que é bastante rico diga-se, e mostrou a força que a melancolia do “Ark” pode ter quando exposta de forma intimista e muito directa sem exageros. Ficou presente no ar a ideia que este ultimo álbum ao vivo lembra aqui e ali momentos bem DEAD CAN DANCE.
Temas como “Dream letter” (versão de Tim Buckley, grande influência), “Crescent” que é simplesmente arrasador em termos sensoriais… um dos temas mais bem conseguidos sem dúvida, assim como “Utopia”, onde a presença de teclas é magistralmente doseada, tal com em “Medusa”.
Surpreendeu com a “You never loved this city” dos Piano Magic do album “Ovations” no qual Brendan participou. Um tema frio, urbano, sem aquela força e calor que caracterizam a sua voz, mas que resultou em cheio.
Os temas sucederam-se e o público sentia-se abençoado.
De lamentar o som demasiado estridente da sua guitarra, em especial aquando de alguns arranjos algo “indianos”, e o trabalho algo pobre (leia-se simplista) a nível de bateria, não obstante o óptimo trabalho a nível de pratos.
Para compensar, a baixista era claramente a alma da secção rítmica, com alguns “slaps” a abrilhantar. Fica também um apontamento bastante positivo em relação á sua voz.
A presença de Brendan é de uma figura alta, meio desajeitado, que deixa a sua música tomar o espaço e falar por ele. E consegue-o sem grande esforço.
Um óptimo concerto, onde o simbolismo sobre várias formas teve talvez, o papel principal.
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