JOÃO CORAÇÃO
EM CONCERTO NO THEATRO CIRCO, EM BRAGA
Antes de falar nas actuações, há que contextualizar o seu som, atitude, enfim, o que os torna assim tão especiais. Sim, isso mesmo: especiais.
Fazem parte do que se pode chamar “movimento FLORCAVEIRA”, uma editora com o lema “Religião & Panque Roque”.
Nasceu no final do século passado, com o objectivo de ” fazer discos assegurando honestidade sonora, empenho performativo e letras decentes. Os artistas da FlorCaveira são cristãos sérios (da Igreja Baptista, uma denominação cristã). Promovem activa e intermitentemente mensagens religiosas com fins proselitistas” nas palavras do mentor e produtor Tiago Guillul.
Á data o catálogo da FLORCAVEIRA inclui pagãos, católicos e ateus mas sempre trataram todos os ouvintes com toda a solidariedade e respeito.
Hoje, graças a um interesse crescente do público desde 2008, têm músicos que tocaram no Sudoeste e a gravar na Valentim de Carvalho.
Passando agora às actuações, que foram surpreendentes em várias frentes.
João Coração, nascido Daniel de Castro Ruivo, promove o seu 2º álbum intitulado “Muda Que Muda”, tendo integrado a selecção de “15 nomes da música portuguesa que estão a dar que falar”, na BLITZ.
Entrou, encarando a audiência sozinho com a sua guitarra. A sua voz, fugaz e emotiva, lembra em certos momentos um Jeff Buckley trovador, e fica-se com aquela necessidade de prostração perante um evento que corre sérios riscos de mudar quem o presencia.
Trata-se se um cantor/compositor que vai muito além de expurgar os seus demónios até porque mesmo esses tomam parte neste processo criativo. O João Coração actua e, arrisco-me a dizer, vive, com a alma desarmada, galante e maravilhado com isto chamado de vida e sentimentos.
Nunca me tinha deparado com algo tão emocional. O João é um homem com uma missão, algures entre a necessidade de expressão e o contacto íntimo com aqueles que se cruzam consigo. Um espaço criado por si, onde as almas comungam sem reservas.
Acho mesmo que é um caso único este Coração. Tão frágil e consciente, que não podemos ficar indiferentes. Para lá da intimidade de um Dylan, ele não canta e toca… toca-nos. E toca-nos em pontos que a maioria de entre nós desconhecia sequer possuir.
É difícil escolher momentos melhores, mas o tema “Joana” a solo, ou a “Tentação” e ainda o encore “Balada dos Uivos” (onde contou a presença de alguns membros da banda Pontos Negros) são sem duvida pontos altos num concerto ele todo carregado de sensações fortes e únicas.
Uma nota para os excelentes músicos que o acompanharam.
João Coração na mão, deliciem-se.
TEXTO : RICARDO COSTA
FOTOGRAFIAS : HUGO SOUSA
AGRADECIMENTOS AO
THEATRO CIRCO
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