SMOKEHOUSE HOTEL



SMOKEHOUSE HOTEL
CONCERTO NA TERTULIA CASTELENSE
MAIA
13 DE MARÇO DE 2010


Os Smoke House Hotel são uma banda de blues.

Uma banda onde esse blues não é o fim mas uma base, por onde passa rock, jazz, funk, etc. Onde Duke Ellington troca impressões com um Stevie Wonder, enquanto Scott Henderson se diverte a brincar com a extensão do seu braço.

Onde recriam temas, onde toda a paixão de cada musico, e a forma que cada um sente cada nota ou acorde, está ali com um propósito muito simples mas simultaneamente colossal. E porquê?

Querem tocar acima de tudo pelo prazer, pela troca de olhares cúmplices, seja entre os seus membros seja com o público, e a Raquel faz isso de forma muito forte… com atitude, simplicidade, mas com uma carga sensual bem anos 20 e 30, onde o suor e dor ao final de mais um dia duro, eram exorcizados por umas armas consideradas perigosas na altura pela maioria branca, e o nome dessas armas eram blues e jazz. Uma sensualidade que vive de sons atrevidos e alimenta os olhares com toques e movimentos nada menos que lascivos, tendo (apenas) a musica como cenário.
Hoje a luta é outra e as armas mais actuais.

Numa época onde viver se tornou um acto mecânico e insípido, os Smokehouse Hotel querem algo de muito ambicioso: sentir. Pior ainda, querem evoluir e fazer sentir, fazer chegar a força da musica, e essa força não nasce de uns fatos em volta de uma mesa cheia de gráficos e estratégias estatisticamente infalíveis.

Não tem como finalidade quebrar regras apenas pelo simples acto. Esse processo é apenas tão vital como respirar.

Numa sala completamente cheia, atacaram a noite da única forma que sentem válida: com doses massivas de prazer, atitude e técnica irrepreensível. Aliando isso a uma presença imponente tal Nina Simone, esta vocalista respira blues como apenas algumas almas o fazem. Não ouve blues, diz. Toda ela é a personificação do termo, e não tem por onde escapar.

O olhar semi-cerrado, a voz segura e sorriso “isto é tudo meu”, não mentem.

A palavra “crossroads” tem sido muito usada em blues. Não encontro melhor para descrever esta banda. Percursos diferentes, aproximações a essa coisa de fazer musica totalmente opostas por assim dizer, mas por alguma razão cruzaram-se e aqui estão.

Pedro, guitarrista solo, lembra pelo menos 2 ou 3 génios das cordas em cada tema, e ainda lhe acrescenta o seu toque pessoal e isso não é dizer pouco.

Falo nele e na Raquel porque inevitavelmente são quem se destaca neste tipo de formação, mas não se menospreze a secção rítmica, seria um erro crasso. Temos ali 3 musicos não apenas competentes mas que constroem o som dos Smokehouse Hotel. Um ritmo seguro, com variações nada menos que brilhantes. E numa banda onde se fundem géneros, a parte rítmica tem de ser nada menos que tipo relogio Suiço (nada dessa treta barata ok?)…

Para os amantes de blues e não só claro, não percam esta lufada de ar fresco, e se os originais estiverem á altura do que aqui mostraram, teremos aqui, no nosso país, uma das bandas com maior potencial que eu vi desde o boom de um John Mayer.



ENTREVISTA

Esta entrevista não deve ser apenas encarada como uma conversa com a banda. Trata-se também de uma conversa com várias gerações que se encontram neste espaço e tempo. Trata-se de entender algumas dessas coisas que ficam sempre por dizer… Vale a pena e acredito que no final vai ter matéria suficiente para mastigar uns bons tempos. Porque de pensar se trata.

Contem-me lá história dos Smokehouse Hotel: como e quando tudo começou, o desenrolar dos eventos até ao dia de hoje…


João Ferreira- É assim, eu estava em Paris e tocava lá pelos clubs, durante muito tempo, e um dia fiz uma pausa, parei mesmo e vim para Portugal fazer outras coisas que não tinham nada a ver com musica. Um certo dia levantei-me de manhã e tive um despertar para a musica que estava cá dentro e explodiu outra vez, entretanto encontrei o Pedro e começamos a tocar umas coisas e foi assim que vim cá parar!

Pedro Pereira- Isto foi um bocado atribulado. Passou muito pessoal pela banda, e foi muito difícil encontrar pessoas que estivessem ali com o mesmo espírito e empenho. Isso atrasou muito. Depois chegou-se a este núcleo de pessoas: o André foi um dos primeiros, e mais recente veio o Zé Martinho e a Raquel, e parece que a formação vai andar por aí.

As influencias, a julgar pelo vosso som, são das mais variadas. Falem-me disso e da forma como conciliam as várias paixões musicais de cada membro da banda.

Pedro- Eu se calhar fui o principal culpado na 1ª fase, a trazer Scott Henderson, mas cada um veio com a sua parte do bolo, trazendo temas funk e etc, sempre com cenas maradas e diferentes, e isso dá pica entendes, pegares nisso e tentar fazer sempre dentro da cena blues mas tocar de maneira diferente.



Depois é assim, não ir em “igrejas”, quer dizer, vi muita gente a defender que isto ou aquilo é que era e tal, e eu acho que o interesse é mesmo 5 pessoas a fazerem musica do fundo do coração, e as tais influências vem um bocado de cada um, acho que é isso…

Em termos de decisões musicais, do género “vamos por aqui” e etc, como se passa com vocês?

Zé Martinho- É mais ou menos isto: por exemplo se o João traz um tema e eu não gosto, sou sincero e digo “oh João, desculpa lá mas não gosto, traz outro”, mas é na boa, somos todos muito amigos, não tem nada de pessoal, e isto é um projecto de gozo pessoal. Sabemos que originais é importante, muito mais viável no mundo da música especialmente cá em Portugal, até porque hoje em dia tocar covers em hotéis ou casinos pouco vale a pena, por isso passa por ai.

André Alves- Sim, porque a ideia é essa, estamos a conhecermo-nos por enquanto mas o objectivo é criar originais. Estamos a ver onde isto vai parar em termos sonoros etc.

João- Todos nós temos influências diferentes uns dos outros, mas tentamo-nos aproximar e ver onde estão os terrenos comuns e quando encontramos, surge um tema, surge uma ideia e é mais uma pedra no reportório e é isso que temos vindo a fazer.

Pedro- É isso mesmo, quer dizer, porquê o blues? Todos os outros géneros derivam daí, e muitas vezes a malta diz que só ouve rock ou “sei lá o quê” puro, e se calhar esquecem-se que tudo veio dali, dos “velhinhos”. E se calhar é por aí, temos muitas portas para abrir e não ser só aquela banda de blues original.

Quando vos pesquisei na net, fiquei com a ideia que vocês faziam um blues contemporâneo, e sim, de facto fazem isso, mas com uma vertente Funk muito forte, vincada. Em certos momento o som chega a parecer Red Hot, sem estar a fazer comparações directas, mas fica essa ideia, que o Funk é mesmo o tal 2º elemento junto com blues e funciona muito bem na voz da Raquel. Que influencias achas que estão ali, e de que forma elas vivem na tua voz?

Raquel Devesa- Tudo me influencia, é difícil apontar foi isto ou foi aquilo… o que eu mais gosto de fazer é entrar numa personagem, incorporá-la e sair daí algo, é mesmo assim, mas tenho tendência a ir um bocado para o funk é verdade.

E nomes que tu respeites mais, seja em funk, blues? Bom é verdade que em blues a mulher tem sido mais fonte de inspiração do que uma parte activa, como vês isso?

Raquel- Isso são aqueles estereótipos que para mim não significam nada, acho que não existem barreiras, quer dizer, não podem existir senão não é musica não é arte, muito menos o facto de ser mulher ou homem.

Mas sabes que o que não falta são pessoas a defender as tais “regras”, em especial em jazz mas também no blues, quando estes géneros se calhar deviam ser os mais livres não acham?

Pedro- Acho que temos de olhar para trás, e depois sem regras, misturar as cenas para se conseguir coisas novas… eu acho que é isso.

Vocês tocam uma versão excelente do tema “Higher Ground”, como surgiu esta música numa banda com uma base forte em blues?

Pedro- Sabes, nós pegamos se calhar mais na versão original do Stevie Wonder, e menos na dos Red Hot que é mais “rockalhada”, mas o resultado fica ali pelo meio.

João- Nós fazemos versões, mas não tentados reproduzir á letra os temas. Damos-lhes um bocado de cada uma das nossas personalidades. Quando me apresentam algo que vamos tocar, vou ver como ela é construída, como o baixista toca, mas depois vou esquecer e tocar as minhas linhas de baixo, á minha maneira, da forma que eu a sinto, e tentar incorporar isso dentro da musica que sai também da expressão dos outros também. Respeitamos isso em cada um de nós, essa liberdade.

Para além de música, o que fazem os Smokehouse Hotel?

João- Música. Todos fazem isso, menos eu que tenho uma vida profissional completamente fora da música, sou empresário na área de videojogos. Para mim é um privilégio tocar com estas pessoas, para me repor ao nível deles. Durante muito tempo parei e foi um grande desafio recuperar o nível e voltar, portanto, quer dizer, tenho uma vida profissional mas a nível mental estou como eles. Acordo e a 1ª coisa que faço é ouvir frases etc penso nos temas…

Pedro- É isso mesmo, quer dizer, eu ainda me tentei educar no mundo da música, andei no conservatório, pensei em ir estudar lá para fora, mas andei a ter aulas ora com este guitarrista que me interessava, ora com outro, muito devido a fugir a esse sistema fechado. Não sei se é bom se é mau, mas tem sido assim, como autodidacta. Fui convidado muito cedo para ensinar na Valentim de Carvalho, tinha 19 anos, caiu assim de pára-quedas e faço. É o meu salário entendes, tudo o resto é para mim, é a minha musica.

- Eu também faço só musica… Dou aulas e toco mas em Portugal continua a ser difícil ter apenas isso como base não é, então dou aulas, e adoro dar aulas, mas só faço isto desde manhã á noite.

André- Eu igualmente. Dou aulas em várias escolas, e dedico todo o meu tempo ao estudo e ao ensaio com esta banda. Projectos tenho alguns mas nada de especial, tipo fazer extras em festas e cenas do género, mas esta banda é onde quero seguir. Não é que não haja abertura para termos outros projectos mas é importante estar focado em algo que se faz.

Raquel- Eu trabalho em telemarketing, sou a chata ao telefone! Não tenho mais projectos mas também não preciso, é isto que eu gosto, e gosto muito deles e damo-nos muito bem, por isso…

O que acham da cena blues em Portugal? É mais tradicional ou acaba por ser mais a vossa onda?

- Acho que existem bastantes bandas de Blues. Eu por acaso tive o privilégio de tocar durante 9 anos numa banda e chegamos a fazer alguns festivais em Portugal e o mercado de jazz e blues é grande. Existe uma corrente de uns 8, 9 anos para cá…

Pedro- Eu respeito as pessoas, e há que dar espaço ás pessoas para se exprimirem, mas acho que é esse o caminho, fazer uma miscelânea, e se calhar o blues tradicional não puxa tanto publico. Mas é um bocado esquisito falar dessa questão e não sou certamente a pessoa mais qualificada para opinar sobre isso.

Em termos da cena internacional de blues, que bandas seguem?

André- Para começar em Portugal é André Indiana, gosto muito. Dave Mathews Band, ouço muito Scott Anderson também, sempre mp3 no carro, montes de musicas. Ouço Jazz porque ando a estudar e gostava de entrar na escola superior e fazer isso mas é muito difícil, há pouca abertura em Portugal, as panelas são muito pequenas, mas faço isso para crescimento próprio, porque a minha onda se calhar é mais punk.

- Eu costumo ainda ouvir os antigos, dos mais recentes gosto muito de John Mayer, é um excelente instrumentista e compositor. E dos antigos do funk é “Average White Band”, etc… são muitos. Se calhar quem me fez pegar numa guitarra foi Eric Clapton, foi a minha 1ª influência. Depois disso, gosto muito de Scott Henderson, Robben Ford, etc… Actual se tivesse de escolher um era John Mayer.

Pedro- Essa pergunta para mim é complicada, é tipo lista telefónica… sou meio rato do esgoto! Gosto muito do que se faz, do que se fez… tenho um fetiche por musica barroca, vou estudar essa cena, tenho um fetiche por um guitarrista clássico e vou estudar o gajo, para fazer outras cenas sei lá, mesmo por exemplo o Scott Henderson toca com montes de gajos que não tem nada a ver com blues ‘tás a ver? Acho que se tocar e tiver bom som eu estou lá entendes? É isso.

João- Eu vou ter problemas a responder a essa… é que eu não ouço blues, sou o pior exemplo. As minhas primeiras influencias são africanas, depois o meu ídolo será Miles Davis. Actual será Mike Stern. A nossa banda toca um tema dele, o Tio Patinhas (Uncle Moe's Space Ranch) que gostamos muito (a banda:vimo-nos lixados para tocar aquilo, muito boa, difícil como tudo…). Na cena parisiense era mais uma fusão de jazz com musica africana… é o que eu ouço e toquei mais, e… muito funk. Ou seja, nunca tida tocado blues antes desta banda.

E o que sentes agora em relação a isso?

João- É uma maravilha, porque o blues como dizes é uma estrutura segura mas que dá uma liberdade quase infinita para aquilo que queremos tocar. Para tocar por exemplo o “Need no doctor” do Mayer, apanhei o “beat” e criei a minha própria linha, com as minhas influencias e o que está cá dentro.

Pedro- Pois, eu nunca ouvi a cena tradicional, e agora, claro que penso na cena quando estou a tocar em termos de estrutura e escalas, mas comecei já a tocar blues em fusão com outras cenas. Ainda hoje não sei tocar como os clássicos, porque não tenho o feeling daqueles gajos.

E a menina o que ouve?

Raquel- De tudo um pouco. Gosto muito de Skunk Anansie, adoro, é a minha cena preferida, adoro mesmo! Em termos de blues, gosto muito dos temas que estamos a tocar, não conhecia muito… é mesmo um mundo novo. Sempre gostei de blues, mas sei lá, nunca procurei muito. Ouço as cenas que gosto e não vou muito atrás do que é… eles sim!

Como chegaste á banda?

Raquel- Eu não sou cá, sou dos Açores. Estou cá no norte há pouco tempo, fui estudar Jazz para a Valentim de Carvalho e conheci lá o Pedro, e foi assim.

Como vocalista, que referencias ou influencias tens?

Raquel- Influencias é tudo mesmo… gosto de experimentar tudo, cantar tudo, adoro.

Ouves-te e pensas em alguma voz, estou a pensar em Ella (Fitzgerald) e Nina Simone. O lado obscuro dessas divas fascina-te?

Raquel- Sim, Nina Simone, gosto muito da atitude. Gosto disso de “Empowered Women”. Sim, o lado mais obscuro e sofrido faz parte, e acho-o interessante, existe um fascínio claro.

Qual é a vossa visão e opinião em relação á Internet e musica, em termos de acesso, dar-se a conhecer, e com os aspectos negativos claro, seja pirataria, ou a perda de contacto com o ritual de pegar num álbum, ou seja, a quantidade enorme de musica a que se tem acesso e a morte anunciada de um trabalho musical como um todo para ser vendido quase “ás fatias”, etc. O que pensam disso tudo?

André- Positivo é mas a massificação da musica como produto, leva muitos músicos a ceder perante o dinheiro etc, e criam coisas baseadas no que é comercial, para serem estrelas etc.

Raquel- Hoje vive-se o culto da celebridade. Todos acham piada nisso, pensam que é por aí o caminho… espero que as gerações futuras venham mostrar que o importante é o que está cá dentro.

- A internet é um meio poderosíssimo. O conhecimento está aberto a toda a gente. Acho que no fundo deve ser usada para conhecer os produtos e depois se realmente gostam comprar, senão daqui a nada quem escreve ou faz álbuns, deixa de o fazer, torna-se uma perda de tempo porque não são pagos para isso…

Pedro- Basicamente é mesmo o que o Zé disse. Os produtos e a qualidade deles vai descendo até acabar ou isto mudar. Eu se gosto de um DVD compro-o e não vou estar a ver uma cena de má qualidade. Acho que isto vai ter de mudar. Naturalmente ou não, mas mudar vai. Senão como se pode dar a evolução do que se cria? Qualquer dia mais vale ir para carpinteiro ou uma cena como essa. Isso vai mudar, não vai ser é amanhã…

João- Acho que a internet veio acabar com as fronteiras. Hoje está tudo acessível tanto numa cidade grande como num canto qualquer. Somos influenciados não apenas pelo que as pessoas que encontrávamos nos davam a conhecer, mas pelo que existe no mundo inteiro e em tempo real.

Pedro- No fundo podem-se apontar mil e um defeitos, mas as vantagens são inegáveis. Quantas bandas são hoje conhecidas e até explodiram aí no mercado porque colocaram musicas disponíveis na Internet? Se a isso se juntar um bom marketing, é mesmo por aí a saída.

Raquel- Acho que temos de usar isso em vez de nos sentarmos a lamentar. Pegar no positivos e negativo e trabalhar com isso para andar para a frente.

João- Sim claro. Por exemplo, a Internet permitiu que cá viéssemos tocar hoje á noite e a sala estar cheia, porque leram sobre nós, viram 2 ou 3 temas no Myspace e gostaram, senão isto não seria possível.

Em relação a editoras, tem algo a acontecer?

(vários) Esta formação é muito recente, nem um ano tem, ainda não fomos por aí. O objectivo agora é criar originais, etc. Isto foi a 1ª experiência de palco juntos, e isso é preciso para consolidar o som. Depois com calma, elas que ouçam o que somos e logo se vê. Aí vai-se tentanto, mas sem pressas.

Tem uma meta a longo prazo que gostariam de atingir ?

(vários) É a tournée mundial! Agora a sério, acreditamos que com trabalho feito com dedicação e seriedade, vamos subindo os degraus. Nada de ter metas e apressar para lá chegar entendes? É fazer as coisas como as sentimos e o resto segue.

Que mensagem querem deixar a quem não vos conhece? Uma espécie de convite.

Pedro- Acho que nem são as palavras sabes? Como falamos sobre os tais produtos e Internet, pode ser tudo muito bonito e arranjadinho mas depois o que é isto?! Entendes? É mesmo virem conhecer o som, acompanhem os nossos espaços online, concertos… é aí que está a música. Saiam de casa, sintam este calor e força que se criou aqui hoje!

Ficamos por aqui, todo o sucesso, e com toda a força e qualidade que mostraram hoje, nada é impossível!

ENTREVISTA E TEXTO : RICARDO COSTA
FOTOGRAFIAS : HUGO SOUSA

AGRADECIMENTOS :
TERTÚLIA CASTELENSE

Sem comentários:

Enviar um comentário