BRAGA JAZZ 2010
MARIA JOÃO / OGRE NO 1.º DIA
04 Março, 22h
Theatro Circo


É deveras refrescante deparar com um projecto, onde, pelo currículo dos seus músicos, não sabemos o que nos espera.
O projecto chamado Ogre nasce assim da criatividade de cinco músicos que juntam competências diversas e padrões sonoros á partida incompatíveis, mas o resultado é algo especial, coerente e fora dos parâmetros sejam eles quais forem.




E isto tudo acontece pela voz da cantora Maria João, dos pianos e teclados de João Farinha e Júlio Resende, da bateria de Joel Silva e da electrónica de André Nascimento.



O talento e valor da nossa Maria João são por demais conhecidos. A sua delicadeza quase “á la Piaf”, junto com aquela coragem e força de quem deixa sair toda a força do mundo durante uns segundo apenas, e depois, oh depois… um passear por nuances vocais que parecem criar partituras em seu redor. Notei aqui e ali umas passagens a lembrar Nina Simone, com toda a classe devida e merecida.

Este projecto é um passeio. Daqueles onde começamos de olhos vendados, com algum receio mas com toda a confiança e o sorriso nos lábios. E sentem-se alguns percalços nesse passeio… mais do que normal, afinal trata-se de construir mais a cada concerto, tal um avançar pela estrada dourada em pleno reino de Oz.
Jazz, a tal música da Liberdade, acaba por ser a mais regularizada pelos “defensores” de um monte de regras, mas a Maria João já lida com isso tal acto de respirar. Sempre achei fantástico como uma diva do jazz se mantém com toda a graça nas margens desse mundo e sai sempre de sorriso aberto, humilde e orgulhoso. Deve ser isso, ser Grande.


Existe aqui muito potencial, por ora ainda um tanto contido, e neste caso, em pelo evento de Jazz, esse facto é mais do que compreensível.


A versão de “Old Man” de outro desalinhado como Neil Young, foi o ponto alto em termos musicais onde todos os sentidos nos falham em prol de nos tornarmos mais leves e penetráveis aos arranjos e interpretação magistral.

É um espectáculo onde todos os amantes de música encontram facilmente um lugar onde é bom estar e muito bem acompanhado. Dá vontade de seguir este Ogre, e que nos leve…
AGRADECIMENTOS
THEATRO CIRCO
REPORTAGEM
RICARDO COSTA : TEXTO
HUGO SOUSA : FOTOGRAFIA

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