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SEPULTURA

SEPULTURA
CONCERTO NO CINE TEATRO DE CORROIOS

08 ABIL 2010

O Cine-Teatro de Corroios vibrou ontem à noite com mais uma maratona de metal.

As portas abriram-se por volta das 19h00 com os Armed For Apocalypse a dar o mote para o que viria a ser o resto da noite.

De registar a excelente prestação desta banda Norte Americana que deixou tudo o que tinha em palco e conseguiu cativar o público que a esta altura já enchia meia sala. Nada mau, para o primeiro de quatros grupos num concerto que começou às 8 da noite num dia de semana! Uma banda a seguir com muita atenção.

Seguiram-se os espanhóis Hamlet que apresentaram o seu último trabalho La puta y el Diablo, com uma prestação pálida, comparada com os Armed for Apocalypse.

A esta hora as atenções dividiam-se entre a banda em palco e a televisão improvisada à entrada onde passava o Liverpool-Benfica.

Os Hamlet acabaram por desempenhar um papel um pouco ingrato, ficando entalados entre duas bandas potentíssimas e uma televisão ao lado do bar.

Foi com os norte-americanos Crowbar, na sua primeira e tão aguardada visita a Portugal, que a adrenalina subiu para níveis mais adequados a uma noite de metal.

É incrível a energia destilada em palco por este quarteto. Tema após tema foram (re)cativando o público que nesta altura já enchia o recinto e que se rendeu ao talento e energia da banda. Para muitos a noite podia ter terminado ali, os Sepultura eram já a cereja em cima do bolo.

Às 23h apagaram-se as luzes do recinto e ouviram-se as primeiras notas da introdução de A-Lex IV.

Estavam abertas as “hostilidades”.

Não deixa de surpreender a longevidade dos Sepultura e o carinho que o público português (e não só) continua a nutrir pela banda. Apesar de todas as adversidades e das várias mexidas na formação os Sepultura continuam a ser uma equipa que ganha, mesmo quando nela se mexe. Já há muito sem os irmãos Cavalera nas suas trincheiras os Sepultura são brilhantemente conduzidos por Andreas Kisser e pelo seu frontman Derrick Green, que se fazem turnos ao comando de uma máquina muitíssimo bem oleada.

Os últimos trabalhos dos Sepultura são testemunhos bem vincados da sua maturidade musical e de uma dedicação ímpar ao metal como forma de arte. Mas... e há sempre um mas... ver os Sepultura ao vivo é assistir a uma metamorfose, é ver a banda no seu habitat natural onde não se admite nada abaixo dos 100% de entrega. E foi isso mesmo que os Sepultura deixaram ontem à noite em Corroios, num concerto que marca os 25 anos de existência da banda.

Num alinhamento que roçou o perfeito os Sepultura tocaram temas como Arise, Refuse-Resist e Dead Embryonic Cells, a provocar arrepios aos mais saudosistas, Moloko Mesto, We’ve Lost You e What I Do, como cartões de visita do novo trabalho A-Lex, e os inevitáveis Territory e Roots Bloody Roots (que fechou a noite), como mandam as regras de etiqueta.

Um alinhamento destilado sem tréguas durante uma hora e meia, que teve ainda direito a uma performance do Orgasmatron dos Motorhead e ao habitual encore.

Além das palavras de consolo aos adeptos do Benfica presentes no recinto, Andreas Kisser deixou ainda a provocação no ar ao dizer que só voltaria a falar de futebol depois do Campeonato do Mundo. Risos, assobios e aplausos... em Portugal os Sepultura jogarão sempre em casa.

Parabéns à organização por mais um evento de grande qualidade.

Mais do que falar mal ou invejar o que se faz lá fora são estas iniciativas que contribuem para fazer dos nossos palcos uma escala obrigatória no circuito do metal mundial.