Jacinta em Gaia

Festival Jazz n’ Gaia
Teatro da Avenida, Vila Nova de Gaia
29 de Abril de 2010



Jacinta e as songs of freedom

A abertura da 4ª edição do Festival Jazz n’Gaia estava a cargo (da potentíssima voz) de Jacinta, a cantora de Jazz portuguesa que dispensa apresentações. E esta foi, realmente, uma noite especial, como havia prometido a voz-off que deu as boas-vindas ao público e apresentou a artista, pouco passava das 22h15.


O espectáculo prometia a intrepretação de temas famosos dos anos 60, 70 e 80, que integram o seu novo projecto, intitulado “Songs of Freedom” e editado em 2009. E Jacinta, acompanhada – muito bem acompanhada, leia-se – por Pedro Costa, ao piano, e Paulo Gravato, nos saxofones tenor e barítono, depositou em cada tema toda a garra e carisma que a caracterizam.


A noite começou ao som do sax tenor de Paulo Gravato e da introdução de “How deep is your love”, ao qual se seguiu “I wish I knew how it would feel to be free” (gravado pela primeira vez por Nina Simone).

Dirigindo-se ao público do Jazz n’Gaia, Jacinta falou um pouco sobre as músicas que escolheu para este Festival, apresentou o seu novo projecto e também os músicos que a acompanham.

Seguiram-se mais músicas conhecidas: “Surfin’ USA”, “Georgia on my mind”, “My baby just cares for me”, “I feel good”, “Where the streets have no name”, “Kiss” e “Coimbra do Mondego”, tema que não faz parte do novo álbum mas que foi escolhido pela cantora, para esta noite de Jazz, para festejar o mês de Abril e homenagear o autor do tema (o saudoso Zeca Afonso).


A interpretação de “Don’t worry, be happy” foi um dos momentos altos da noite, quando a cantora pediu ao público que aquecesse a voz para a acompanhar no refrão. Deste modo, enquanto a voz do público repetia um afinado “Don’t worry, be happy”, Jacinta deu azo à sua emoção e à sua criatividade, improvisando sobre a base musical que o público lhe concedeu nos minutos que se seguiram. Magnífica interacção.


Uma outra homenagem sentida, desta feita a Stevie Wonder, com “Sir Duke” (tema que é, já por si, uma homenagem a Duke Ellington), fechou a primeira parte do concerto, com o público a aplaudir em pé depois de um momento de improviso extraordinário protagonizado por Pedro Costa e Paulo Gravato.


Quando regressou, a sua voz quente e poderosa encheu novamente a sala, interpretando sozinha, ao piano, o tema “Redemption Song”, de Bob Marley. De novo, o público interagiu fortemente com a artista, repetindo de forma afinadíssima um belíssimo “these songs of freedom”.


A noite terminou em festa, com a repetição de “Surfin’USA”. A audiência do Teatro da Avenida – preenchido dois terços da sua capacidade – funcionou aqui quarto elemento de um trio, o percussionista, marcando o ritmo com as palmas.


Jacinta irradiou simpatia, talento e profissionalismo. Nota-se à distância que não caiu na música de pára-quedas e que é detentora de uma cultura e de uma educação musicais muito acima da média. É impressionantemente rigorosa. Do mesmo modo, faz-se acompanhar muito bem, e teve dois excelentes músicos com ela no palco. Palco esse do qual, de resto, saiu um excelente som e com um jogo de luzes leve, mas extremamente versátil.



Todo este conjunto imprimiu um arranque em grande estilo para estas noites da edição 2010, a 4ª, do Jazz n’Gaia, que pela abertura se antevê mais um sucesso.









Texto: Sara Salgado
Fotos: Rui Vaz

AGRADECIMENTOS
TROVAS SOLTAS


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3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Uma grande reportagem com fotos do melhor... muito bom trabalho colegas Rui e Sara! :)

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  3. Anónimo3.5.10

    E os outros dias!?!

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